"Uma oração sem fé é uma fórmula vazia. Quem é tolo a ponto de perder tempo pedindo algo em que não crê?
A fé é o manancial; a oração, o riacho. Como pode correr o riacho se o manancial está seco?"
(Santo Agostinho)

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

APARIÇÃO DE JESUS RESSUSCITADO A SUA MÃE MARIA SANTÍSSIMA

Secundum multitudinem dolorum meorum in corde meo, consolationes tuae laetificaverunt animam meam -- «Segundo as muitas dores que provou o meu coração, as tuas consolações alegraram a minha alma» (Ps. 93, 19).

Sumario. Era de justiça que Maria Santíssima, que mais do que qualquer outro tomou parte na Paixão de Jesus Cristo, fosse também a primeira a gozar da alegria da sua ressurreição. Imaginemos vê-la no momemnto em que lhe aparece o divino Redentor glorificado, acompanhado de grande multidão de Santos, entre os quais São José, São Joaquim e Santa Ana. Oh! Que ternos abraços! Que doces colóquios! Alegremo-nos com a nossa querida Mãe e digamos-lhe: Regina Coeli, laetare, aleluia -- «Rainha dos céus, alegrai-vos, aleluia!».

I. Entre as muitas coisas que Jesus Cristo fez, e os Evangelistas passaram em silêncio, deve, com certeza, ser contada a sua aparição a Maria Santíssima logo em seguida á sua ressurreição. Nem necessidade havia de referi-la, porquanto é evidente que o Senhor, que mandou honrar pais e mães, foi o primeiro a dar o exemplo, honrando sua Mãe com a sua presença visivel. Demais, era de inteira justiça que o divino Redentor glorificado fosse, antes de mais ninguém, visitar a Santíssima Virgem; afim de que, antes dos outros e mais do que estes, participasse da alegria da ressurreição quem mais do que os outros participará da paixão.

Um dia e duas noites a divina Mãe ficou entregue á dor pela morte do Filho, mas firme e imóvel na fé da ressurreição; e quando começou a alvorecer o terceiro dia, posta em altíssima contemplação começou com ardentes suspiros a suplicar ao Filho que abrevia-se a sua vinda.

Enquanto está assim absorta nos seus veementissimos desejos, eis que o seu divino Filho se lhe manifesta em toda a sua glória e claridade; fortalecendo-lhe a vista, tanto a do corpo como a da alma, para que fosse capaz de vêr e de gozar a divindade. Oh! Com tão bela aparição como não devia sentir-se satisfeita e contente! Quão ternamente não deviam abraçar-se Filho e Mãe! Quão doçes e sublimes não devia ser os coloquios que trocavam!

Avizinhemo-nos, em espirito, de Nossa Senhora, que é também nossa Mãe, e roguemos-lhe que nos permita beijar as chagas glorificadas de Jesus Cristo. – Colhamos deste mistério, como são recompensados por Deus aqueles que acompanham Jesus até ao Calvário, quer dizer, que lhe são fieis nas tribulações. Cada um pode fazer suas as palavras da Bemaventurada Virgem: Secundum multitudinem dolorum meorum, consolationes tuae laetificaverunt animam meam -- «Segundo as minhas muitas dores, as tuas consolações alegraram a minha alma».

II. Em companhia de Jesus, seu Filho, a divina Mãe viu grande numero de Santos, entre os quais o seu Esposo São José, e os seu santos pais, Joaquim e Ana. – Alegraram-se todos com ela, reconhecendo-a por verdadeira Mãe de Deus e agradecendo-lhe os trabalhos e dores sofridas pela Redenção de todos. – Oh! Que satisfação não devia sentir a Virgem, vendo o fruto da Paixão do Filho em tantas almas resgatadas do limbo. Enquanto ela se regozija com Jesus Cristo por tão grande conquista, os anjos ali presentes, ledos e jubilosos, solenizam o dia cantando com melodia celeste: Regina Coeli, laetare, aleluia -- «Rainha do céu, alegrai-vos, aleluia».

Unamo-nos aos coros dos anjos, unamo-nos com todos os fieis da Igreja, para nos congratularmos com a divina Mãe, e cantemos também: Regina Coeli, laetare, aleluia.

«Rainha do céu, alegrai-vos; porque o que merecestes trazer no vosso puríssimo seio, ressuscitou como disse.

Alegrai-vos, mas ao mesmo tempo, rogai por nós, para que sejamos dignos de ir cantar um dia no reino da glória o eterno aleluia.

«É o que vos peço também, ó Eterno Pai. Sim, meu Deus, Vós que Vos dignastes alegrar o mundo com a ressurreição do Vosso Filho e Senhor nosso Jesus Cristo, concedei-nos, Vos suplicamos, que pela Virgem Maria, sua Mãe, alcancemos os prazeres da vida eterna. Fazei-o pelo amor do mesmo Jesus Cristo.» [1]

[1] Antifona Tempo Pascal

Retirado de: MEDITAÇÕES de Santo Afonso Maria de Ligório - Tomo II

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