"Uma oração sem fé é uma fórmula vazia. Quem é tolo a ponto de perder tempo pedindo algo em que não crê?
A fé é o manancial; a oração, o riacho. Como pode correr o riacho se o manancial está seco?"
(Santo Agostinho)

domingo, 20 de março de 2011

PRIMEIRA QUARTA FEIRA DE MARÇO


Viagem de São José e Maria Santissima a Belém, onde nasceu Jesus.

Ascendit autem et Joseph... in civitatem David, quae vocatur Bethlehem -- «Subiu também José... á cidade de david, que se chama Belém» (Luc. 2, 4).

Sumario. Consideremos os doces colóquios dos santos Esposos sobre o mistério da Encarnação, durante a viagem de Nazaré a Belém. Imaginemos a tristeza de S. José vendo-se expulso de Belém e obrigado a refugiar-se numa gruta. Mas a tristeza se trocou em alegria, quando o Patriarca ouviu o doce canto dos anjos, viu o Filho de Deus feito menino, e os pastores e os magos prostrados em adoração. Unamos os nossos afectos ao de S. José e admiremos como o Senhor alterna as alegrias com as tristezas na vida dos justos.

I. Considera com que ternura Maria e José deviam entreter-se naquela viagem, sobre a misericórdia de Deus, que manda o seu Filho á terra para a redenção do género humano; e sobre o amor do Filho, que quer vir a este vale de lágrimas, a fim de satisfazer com a sua paixão e morte pelos pecados dos homens. – Considera também a aflição de José, que na noite em que devia nascer o Verbo divino, se viu com Maria expulso de Belém, de modo a que foram obrigados a se refugiarem numa gruta. Qual deve ter sido a sua dor, vendo a sua santa Esposa, jovem de quinze anos, proxima a dar á luz, tremer de frio naquela gruta humilde e aberta por todos os lados?

Mas, qual não deve ter sido em seguida a consolação, quando ouviu Maria chamá-lo e dizer-lhe: Vem, José, vem adorar o nosso Deus-Menino, que já nasceu nesta gruta. Vê como é formoso; vê nesta magedoura sobre um pouco de palha o Rei do universo. Vê, como está tremendo de frio aquele que abrasa os Serafins de amor. Vê como está chorando aquele que é a alegria do paraiso. – Contempla aqui, meu irmão, qual deve ter sido a ternura e amor do santo Patriarca, quando com os seus próprios olhos viu o Filho de Deus feito menino, e ao mesmo tempo ouviu os anjos cantarem em torno do seu Senhor nascido, e viu a gruta resplandecente de luz.

Então José, de joelhos, e derramando lágrimas de ternura, disse: Adoro-Vos, ó meu Senhor e meu Deus. Que felicidade a minha a de ser o primeiro, depois de Maria, a Vos ver nascido, de saber que nesta terra quereis ser chamado de meu filho, e tido por tal. Permiti, pois, que eu também assim Vos chame, e desde agora Vos diga: Meu Deus e meu Filho, consagro-me todo a Vós. A minha vida não será mais minha, será toda vossa, e não me servirá mais, senão para vos servir, ó meu Senhor. – Como ainda aumentou a alegria de São José, vendo naquela noite virem os pastores convidados pelo Anjo a adorarem o seu Salvador nascido; e depois os santos Magos, que chegaram do oriente para tributarem as suas homenagens ao Rei do céu, vindo á terra para salvação das suas criaturas.

II. Une os teus afectos aos dos Pastores e dos Magos, ou, melhor ainda, aos de São José mesmo e de Maria, sua Esposa Imaculada. – Depois reflecte no que diz São João Crisostomo, quando fala das dores e das alegrias do santo Patriarca: Misericors Deus moestis rebus etiam iucunda permiscuit. Na sua infinita misericórdia e sabedoria, o Senhor dispôs que a vida do justo seja um alternar de aflições e de alegrias; e se não permite que seja oprimido pelas tribulações, tão pouco quer que ande sempre por entre gozos.

Meu santo Patriarca, pela dôr que sentiste em vêr o Verbo divino nascido numa gruta, tão pobre, sem fogo e sem paninhos, como também em o ouvir chorar pelo frio que o atormentava, Vos rogo que me alcanceis uma dor sincera dos meus pecados, que foram a causa das lágrimas de Jesus. E pela consolação que tiveste em ver pela primeira vez Jesus nascido no presépio, tão formoso e gracioso, que desde então o vosso coração começou a arder de um amor mais ardente para com o Menino tão amável e tão amoroso, alcançai-me a graça de o amar com amor ardente na terra, afim de ir um dia gozá-lo no paraiso.

E vós, ó Maria, Mãe de Deus e minha Mãe, recomendai-me ao vosso Filho, e alcançai-me o perdão de todas as faltas que tenho cometido, e a graça de não mais o ofender. – Ó meu amado Jesus, perdoai-me pelo amor de Maria e José, e dai-me a graça de um dia Vos ver no céu, para Vos louvar e amar a vossa divina beleza e a bondade que Vos fez nascer criança por meu amor. Amo-Vos, bondade infinita; amo-Vos, meu Jesus; amo-Vos meu Deus, meu amor, meu tudo; e não Vos peço outra graça, senão a de Vos amar com todas as minhas forças.

Jesus, Maria e José, eu Vos dou o meu coração e o meu espirito [1] (*II 425.)

[1] – Indulgência de 100 dias

Retirado de: MEDITAÇÕES de Santo Afonso Maria de Ligório - Tomo I

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