"Uma oração sem fé é uma fórmula vazia. Quem é tolo a ponto de perder tempo pedindo algo em que não crê?
A fé é o manancial; a oração, o riacho. Como pode correr o riacho se o manancial está seco?"
(Santo Agostinho)

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

JOSEFINA E S. JOSÉ




Num dos quarteirões de Paris residia uma família dotada de alguma fortuna: um casal e a filha, chamada Josefina. Viviam felizes, em prosperidade de negócios. Nada lhes faltava. Imprevidentes, gastavam quanto iam recebendo, sem economias para o futuro e sem cuidado na aplicação das rendas.
Um dia, caiu enfermo o chefe da casa e maus negócios os levaram rapidamente a uma situação de necessidade. Obrigados pelos credores, deixaram o palacete e foram morar numa casa simples, num dos subúrbios da cidade. Os velhos choravam, abatidos e desanimados. Josefina, porém, não perdia a calma e o sorriso habitual.
Era boa costureira e bordava com perfeição. Dia e noite não descansava. Saía cada tarde para entregar as peças que costurava e com o dinheiro recebido comprava sempre o necessário para a casa. Muita vez voltava de mãos vazias. Passavam algum dia sem alimento suficiente. Procurou uma colocação, onde possa contar com ordenado certo cada mês e com trabalho extraordinário e nocturno, para dar algum conforto aos pais. Entregou a sua causa a São José. O tempo vai passando. Sempre aquela vida atribulada e incerta, semeada de lágrimas, não raro de alguma fome.
Na festa de São José, a moça, devotíssima do Padroeiro de todas as necessidades, teve uma idéia original: tomou uma folha de papel e escreveu uma carta a São José pedindo um emprego, um meio de ganhar a vida e sair daquela situação embaraçosa. Ingenuamente assina: Josefina de tal, residente em tal rua – Bairro de Paris – costura e borda com perfeição.
Com uma pequena fita, amarrou o bilhete sob as asas de uma linda pomba que trazia presa numa gaiola, e solta-a, dizendo: “Vai, pombinha querida, para onde São José te mandar e hoje mesmo venha a resposta do céu!”
Foi um ingênuo gesto de confiança no Patrono das causas mais desesperadas. E, depois, Josefina sentiu-se tranqüila.
Não invocara São José em vão. Poucas horas depois, um carro pára defronte da porta de sua casa.
Um senhor bem trajado e ainda moço pergunta:
– Mora aqui a senhorita Josefina de tal?
– Sim, responde a jovem, sou eu mesma.
–  Escreveu, a senhorita, este bilhete?
– Sim, e como o foi encontrar?
- Sob as asas de uma pobre pomba que entrou em meu escritório e de lá não queria sair. Observei que ela trazia este bilhete li-o, e aqui estou. Sou devoto de São José. Resolvi abrir esta semana uma fábrica de roupas e bordados. Faltava-me, porém, alguém para ensinar e dirigir as primeiras operárias. Pedi a São José que ma arranjasse. Providencialmente, entra-me a pombinha pelo escritório a dentro, encontro este bilhete e venho a saber que, aqui, a senhorita Josefina e seus pais sofrem privações. Permita-me que lhe ofereça já uma quantia para solver os compromissos de que fala no bilhete, e quero desde já contratá-la para dirigir a minha oficina.
Os pais da moça choravam de alegria e da mais profunda gratidão.
Como São José é bom! disseram todos juntos.
Em breve, Josefina estava à frente das oficinas, no centro de Paris.
O patrão pôs-se a observá-la e notou ser, a jovem, de fina educação, bondosa, modesta, rica de prendas.
E chegaram ao noivado e ao casamento… No lugar de honra do salão principal da mansão onde antigamente morava a família, foi colocada uma bela estátua de São José. E aos pés da imagem uma pombinha branca, embalsamada, e em letras douradas no pedestal:
 “A mensageira de São José”.


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